Este artigo surge com o explicito objectivo de partilhar reflexões sobre a experiência de viver e trabalhar no México, atendendo a diferentes perspectivas de abordagem. - O momento inicial, criar de raiz uma sociedade comercial, filial de uma média empresa portuguesa e a sua adaptação ao mercado. Uma adaptação que não é somente de cariz empresarial - muito importante para uma estruturação sólida é ter sempre em atenção o factor de adaptação cultural.
O México atendendo às particularidades da região onde está inserido, a América Latina, representa um potencial que poderá ser explorado. Identificando as proximidades culturais, que podem facilitar muito as relações económicas. A informação dispersa na comunicação social é pouco objectiva, gerando obviamente dificuldades no entendimento da região e do país. O México particularmente, faz parte de um imaginário, na Europa, construído não somente por noticias menos agradáveis, mas também pela própria filmo-grafia, que nos apresenta um país conflituoso, com muitas debilidades que afinal de contas não correspondem à realidade.
Num momento tão difícil para a economia nacional, em que existe a necessidade de repensar estratégias, internacionalizar, exportar mais, desperta em cada um de nós um ?sentido patriótico de cooperação?, um sentimento mais apurado talvez para os emigrantes portugueses, que representam uma plataforma de conhecimento e experiência incalculável. Partilhar experiências e ?desmistificar? ideias pré concebidas sobre determinado mercado. Neste caso o México, uma economia emergente, com abertura económica e vizinha da ainda maior economia do mundo que são os Estados Unidos da América.
Sendo objectivo focar questões muito práticas do dia-a-dia de uma empresa de procedência portuguesa neste mercado, os desafios a cumprir e a penetração num mercado, que distante fisicamente de Portugal, mas com uma excepcional proximidade cultural. A chamada de atenção para a complementaridade comercial dos dois países. Destacando, que os fluxos no comércio bilateral nestes últimos anos apresenta superavit favorável a Portugal, no entanto existem ainda muitas oportunidades por explorar.
Ambicionando portanto, que este trabalho vá um pouco mais além do que é um típico guia de investimento a que usualmente estamos habituados. Onde existem dados macroeconómicos, legais e dados sociais, queremos de outra forma, destacar uma perspectiva real do que é adaptação a um mercado desde uma possível estratégia cultural. Atendendo às particularidades, as vantagens e desvantagens de ser uma empresa portuguesa, a dimensão do mercado de origem (Portugal), do impacto da procura do mercado de um país como o México. Que em traços gerais - tem dez vezes a população de Portugal e vinte vezes o território!
O país como referimos, tem um considerável número de habitantes, um território extenso, provoca portanto, empiricamente problemas potenciais de governação. Núcleos urbanos grandes, sendo a capital, Cidade do México, uma das mais populosas do mundo. Podemos quase afirmar que apesar do ?alarmismo? da comunicação social, os acontecimentos relacionados com segurança podem ser considerados, acontecimento localizados e na generalidade controlados. A perspectiva que nos interessa é a realidade de um mercado com 112 milhões de habitantes, com dinâmica empresarial, com necessidades de mercado que representam oportunidades para o tecido empresarial português. Obrigando claro, a uma reflexão profunda sobre estratégias de mercado, a adaptação de produtos e serviços às especificidades deste mercado.
Ainda, salientar os aspectos relacionados com a oferta de mão de obra especializada e não especializada, os encargos possíveis que se poderão ter em termos do custo real dos trabalhadores. Análise de aspectos legais e contratuais e descrever alguns possíveis problemas que possam ocorrer. Referência igualmente, uma descrição e comparação de diferentes sociedades comerciais.
Colmatar necessidades especificas de obtenção de dados e conhecimentos relativos a mercados possíveis de internacionalização. Instrumentos amplios, objectivos e com funcionalidade, particularizando um Business Intelligence ao serviço dos interesses do tecido empresarial português. Quando se menciona efectivo, refere-se que seja informação possível de colocar em prática de forma imediata. Existe a preocupação partilhar informação útil para as PME´s portuguesas, em que os recursos não são comparáveis com as grandes multinacionais, possibilidades e modelos de estruturas de internacionalização optimizadas, alianças estratégicas que lhes permitam ter exposição a este mercado.
Numa analise mais amplia, até fundamentar a possibilidade de replicar estratégias as outros mercados de proximidade geográfica e cultural.
É necessário aumentar o número de empresas exportadoras em Portugal, portanto, é necessário pensar com carácter estrutural. Fornecendo informação de mercado, estruturando também que graus de adaptação e canais de entrada poderão estar disponíveis para estas empresas. Analisando um pouco a informação emanada por diferentes organismos, verificamos que existem contudo aspectos muito práticos que estão por satisfazer ou sistematizar.
Caracterizar, por exemplo, questões como exportar, quais são os requisitos, como ser favorecido na aplicação do Tratado de Livre Comércio que existe entre a União Europeia e o México, que atribuem maior competitividade à economia nacional em comparação com outras regiões do globo.
É fundamental a criatividade na abordagem a um mercado internacional, dúvidas e contratempos que possam eventualmente surgir devem ter soluções pensadas. Este trabalho ? empírico ? de alguma forma, tenta demonstrar, que existe um mercado a descobrir e a ser trabalhado pelos diferentes sectores empresariais portugueses.
Identificar potenciais compradores, técnicas de negociação e apresentação de produtos e serviços. Frisando então, os tais aspectos nem sempre perceptíveis, numa primeira abordagem, do potencial que existe para vender português.
Vender português é afirmar o know-how nacional, a percepção positiva da qualidade nacional, do factor conjuntural provocado pela adesão de Portugal à União Europeia. Numa afirmação simplista, mas real, a tecnologia portuguesa é perceptível como tecnologia europeia. Capaz de competir em imagem com outros países de reconhecida qualidade como Espanha, Alemanha e França. Francamente mais fácil introduzir marcas e conceitos que em outras regiões, surge claramente a necessidade de alertar para isso. E salientar que assim como o México, está a possibilidade da Colômbia, Chile, Peru, Equador e na generalidade a América Latina. Vencendo os desafios particulares do México, ainda com a vantagem dos acordos de livre circulação de mercadoria do NAFTA (Tratado de Livre Comércio entre o Canadá, México e EUA) e estratégias de plataforma giratória, abranger outros mercados, outras populações com potencial interesse nos produtos e serviços portugueses.
Destacar também o interesse que pode existir, por parte das empresas mexicanas de marcar presença empresarial noutros mercados, europeus e africanos conhecidos pelo tecido empresarial português.
Antes de partir, podemos considerar de forma adquirida, que Portugal tem um imenso património de cultura empresarial de êxito, com qualidade e capacidade de ser replicado no mundo.
A actual situação económica do país obriga, como referido, a uma reflexão profunda e obriga a encontrar respostas, a encontrar o caminho para a continuidade da afirmação da nossa história, um povo com cultura empreendedora.
A capacidade dos portugueses se reinventarem não é um mito, as provas foram dadas durante a História, a sua capacidade de internacionalizar-se. O mundo será o limite sempre e quando os portugueses sejam capazes de partilhar conhecimento.
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